Quando vamos ao teatro esperamos sempre assistir a alguma apresentação
que nos impressione, seja por seu texto bem escrito ou pelos efeitos do cenário
e da ambientação ou, principalmente, por sua encenação bem feita pelos atores.
Essa encenação bem feita, que vai ser digna de nossos aplausos, carece de
ensaio e de preparação, para que os atores realmente incorporem aquilo que
querem transmitir. Como bem diz a máxima popular, só podemos ofertar aquilo que
temos. Assim, é preciso que o ator sinta realmente qual é sua missão e sua
função dentro do todo para externá-la ao público. Mas… O que isso tem a ver com
o Ritual DeMolay? Este texto é realmente sobre Ritualística?
Certa vez, no início de uma palestra sobre Ritualística, pedi que um
Irmão com o Ritual em mãos abrisse-o na sua segunda página e lesse para todos
termo de compromisso lá existente. Por fim, convidei a todos para repetirem (e
decorarem) comigo a última frase do termo, que aqui transcrevo por não
prejudicar nenhum segredo:
“Eu prometo que todas as partes deste ritual a mim
designadas serão conferidas de memória”
É impressionante o espanto de muitos
ao descobrir que essa recomendação existe em nosso Ritual e que haviam assinado
esse compromisso sem buscar, realmente, efetivá-lo na sua prática habitual do
Ritual. Convenhamos, portanto, que conferir de memória é o mesmo que decorar. E
algo muito interessante está ligado a origem dessa palavra, que vem do latim COR, que significa
coração, pois por muito tempo acreditava-se que a memória estava no coração. De
qualquer forma, ficamos com a noção de que saber de cor, é saber de e pelo
coração, o que já envolve determinado grau de envolvimento e de sentimento com
aquilo que se decora.
Ao se querer que pratiquemos o Ritual de memória, exige-se que,
minimamente, se dedique a estudar e a ler nossas Cerimônias. Ao Oficial que é
confiado um posto, deve-se esperar que ele honre essa confiança se esforçando
para uma perfeita prática ritualística. Voltando na história, fazendo uma
releitura do “Hi, Dad!”, temos explícita a preocupação de Dad Land e de
Marshall para que o Ritual fosse praticado com afinco e dedicação. Afinal, como
pode uma organização que se dedica a busca da perfeição do homem não exigir e
querer isso internamente, dentro de sua estrutura mais básica e elementar?
Segundo o “Hi, Dad!”, foram instruções de Dad Land aos primeiros
DeMolays, antes mesmo de praticarem o Ritual pela primeira vez:
“A cópia do ritual
dada a vocês deve ser mantida em
segredo e não deve, sob nenhuma circunstância, ser
mostrada a ninguém que não esteja nesta sala. Eu
espero que cada oficial aprenda a sua parte da forma
que está escrita – de memória. Cada parte é
importante, não importa quão pequena ela possa
parecer para você, ela combina-se com as outras
para dar seu verdadeiro significado.”
segredo e não deve, sob nenhuma circunstância, ser
mostrada a ninguém que não esteja nesta sala. Eu
espero que cada oficial aprenda a sua parte da forma
que está escrita – de memória. Cada parte é
importante, não importa quão pequena ela possa
parecer para você, ela combina-se com as outras
para dar seu verdadeiro significado.”
Para os primeiros ensaios, antes da
primeira execução oficial do Ritual, foram convidados maçons, professores e
demais profissionais renomados na área da oratória e de ritualística para
orientar os DeMolays a como falar em público, direcionar voz, manter o tom
adequado. Tudo isso foi pensado e trabalhado justamente para que o Ritual
atingisse seu propósito maior, suas lições e seus ensinamentos fossem realmente
disseminados. Ao nos dedicarmos a estudar e a executar bem o Ritual, mostramos
aos outros nosso comprometimento com a Ordem, com nossos votos e transmitimos
verdadeiramente a mensagem que desejamos. Afinal, o Ritual deve ser seguido à
risca justamente porque tudo nele foi minimamente pensado e calculado para
estar onde está, precisando ser executado como tal para atingir seus objetivos.
Assim, terminamos este pequeno estudo fazendo coro ao pedido de Dad
Land: dediquem-se a estudar e a decorar o Ritual DeMolay. Para Aristóteles, por
exemplo, somente através do hábito, da prática constante é que nos tornamos
virtuosos e podemos alcançar a perfeição. Lembrando, sempre, que esse é o
primeiro passo para que aprendamos os ensinamentos que o Ritual nos traz e
possamos, enfim, aplicá-los na nossa vida profana. Dessa forma, incorporemos
essa missão de se doar ao máximo à Prática Ritualística, não importando o
tamanho de nossa participação, sabendo que o todo se faz de partes – e uma
parte não-harmônica, prejudica a harmonia e a plenitude do todo.
(Texto originalmente publicado na 2ª Edição da Revista DeMolay do GNLJ.
Confira ela completa em:http://www.liderancajuvenil.demolay.org.br/revista-2/ )
Postado por: Tássio Torres - CID: 78027 - Sênior DeMolay
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