Dia desses fui acompanhar a sindicância de um
menino de 14 anos, pretendente a ser iniciado na Ordem DeMolay no Capítulo do
qual faço parte.
Estávamos em um grupo de 4 pessoas para esta
sindicância. Além de mim, iam meu filho e mais dois DeMolays. Chegamos na casa do menino e a sindicância começou
como começam todas as sindicâncias, os DeMolays explicando ao candidato o que é
a Ordem, como ela se iniciou, seus preceitos, as virtudes que são cultuadas,
etc, etc...
Na minha posição de Tio eu só escutava as
explicações, acompanhava as perguntas curiosas e as respostas bem
fundamentadas.
Porém, eu percebia que o candidato ficava
incomodado com as respostas e acabava questionando com mais ênfase determinados
pontos até que ele perguntou:
“- Ok, vocês me explicaram que a Ordem DeMolay
prega o respeito a Pai e Mãe, quer que sejamos cidadãos patriotas, tolera e
respeita todas as religiões e etc, mas eu não preciso ser DeMolay para fazer
isso, pois isso é que meus pais têm me ensinado desde pequeno. Então, por que
eu precisaria ser iniciado na Ordem para continuar fazendo o que eu já faço?”
Se não fosse a seriedade do momento teria sido
engraçado, pois tanto meu filho quanto os outros dois DeMolays ficaram com
aquela cara de “putz, é verdade, eu não tinha pensado nisso. E agora, o que eu
respondo?”.
Aí todo mundo olhou para mim, esperando uma ajuda
na resposta e eu fui obrigado a dizer algo. Mas eu acho que eles não esperavam
a resposta que eu dei.
Disse assim:
“- Sabe, eu já me fiz essa pergunta algumas vezes e
só pude concluir uma coisa: A Maçonaria não deveria existir, assim como a Ordem
DeMolay também não deveria existir”.
Nossa!!! a cara de pânico dos meninos era hilária.
No mínimo eles pensaram “Este cara ficou doido. A gente vem tentar trazer mais
um membro para nossa Ordem e ele diz que ela deveria acabar? Ele deve ter
ficado maluco”.
Aí eu tive de continuar a explicar minha “teoria”:
“- Na verdade as pessoas não deveriam precisar ser
lembradas a todo momento que elas devem ter respeito pelo seu país, sua família
ou ao próximo. Aliás deveria ser a coisa mais normal do mundo nós nos reunirmos
para arrecadar fundos para ajudar um orfanato. Aliás, mas aliás mesmo, se o
mundo fosse diferente, nem deveriam existir orfanatos, pois não deveriam
existir crianças abandonadas pelos pais.
Nós deveríamos sair à rua e não deveria ser normal
querermos brigar com o motorista de outro carro por causa de uma vaga para
estacionar.
Ninguém deveria desconfiar da honestidade de outra
pessoa, porque a desonestidade não deveria existir. Eu não deveria colocar portões na minha casa e me
fechar dentro de uma gaiola para evitar ser assaltado, porque a violência não
deveria existir. Ninguém deveria temer sair de casa com a camisa do
seu time de futebol preferido, com medo de ser espancado até a morte por uma
meia dúzia de imbecis que usam uma camisa de outro time.
Mas, infelizmente, este mundo que acabei de
comentar não existe e somos expostos diariamente a tantas influências negativas
que temos de procurar uma forma de nos unirmos a pessoas que ainda cultuam
algum tipo de preceitos e valores morais e que pensem como nós. E para isso que
existe a Maçonaria e a Ordem DeMolay, por exemplo.
Lá somos lembrados a continuar usando tudo de bom
que aprendemos com nossos pais e nos são “relembrados” alguns outros valores
que acabamos esquecendo com a correria da vida.
No dia que o ser humano aprender a respeitar ao
próximo eu proponho o fim da Maçonaria e de todas as Ordens semelhantes.
Enquanto isso seria um prazer ter você conosco.”
Hoje este candidato não é mais candidato, pois foi
iniciado DeMolay logo depois.
Mas o que mais me deixou feliz foi escutar esta
minha teoria repetida por um dos meninos que estavam participando daquela
sindicância para outro candidato à Ordem DeMolay, dias depois. Ou seja, até que
esta teoria não é tão maluca assim, pois mais alguém concorda com ela.
Postado por: Hugo Ribeiro - CID: 88825 - 1º Conselheiro
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